sexta-feira, 24 de junho de 2011

Quase portuguesa



Uma maneira de falar que hipnotiza a qualquer um, acredito que ninguém nunca descobrirá como a garota encanta tão facilmente. Ela sorri, e BANG, lá está mais um louco, insano, perdido em cada movimento que faz a boca bem feita da moça bandida que rouba sentimentos. Não, não adianta passar a noite acordado tentando entender; Aqueles olhos são únicos, falam por si só, a silhueta causa desejo de segundo em segundo… E como ela movimenta as mãos? O movimento das mãos é fascinante. A delicadeza como movimenta aquelas mãos acenando para mim. Há dias que coloco a cabeça no travesseiro, fecho os olhos e penso: tua imaginação velho, tua imaginação. Mas amanhece, e vejo a moça ir comprar teus pães e do outro lado da rua ela acena para mim, e eu para ela e está aí, mais um dia ganho só por conta de uma acenada. O que está havendo contigo, velho? Anda sonhando demais. Falo comigo mesmo. Não sei, não sei. É apenas mais um dia ganho… Por uma acenada
Mas isso foi muitos anos atrás. Hoje... Hoje eu estou velho, travado de todas as formas possíveis. A minha vida passou e eu não vi. Hoje, eu me sento numa poltrona de tecido rasgado, fumo meu cigarro barato e tomo meu uísque de mesma qualidade - baixa. A única coisa que consegui trazer e levarei até o leito de morte é a moça bandida que rouba sentimentos. Toda a fórmula era baseada no charme único que ela produzira sem perceber. Quase portuguesa não é algo que se diga para todas as raparigas que saem d'um canto e partem para Portugal: quase portuguesa é uma rapariga única. Eu não me esqueceria nunca de como ela acenava para mim, e de longe, eu imaginara um romance de um velho qualquer com uma rapariga tão formosa. Ela deve ter tido teus três filhos com um homem bem sucedido financeiramente, deve ter uma casa re-al-men-te boa e dormir em sono sossegado. Eu não tenho nada. Nunca tive nada para oferecer, mas tem algo meu com ela... E algo dela comigo.  Um velho, amigo distante, diria que ela era a rapariga que eu nunca tocara, mas escrevia sobre e guardava dela poucas fotografias. O que eu tenho, e que ninguém terá ou oferecerá a ela jamais, é uma coisa mais valiosa que qualquer grana de um bacana possa oferecer: ela tem sotaque nordestino e português de Portugal, ela acenou para mim de longe todas as manhã de um verão inteiro e sorriu, e dentro de todos os meus livros e histórias, ela é a-rapariga-quase-portuguesa e, sem saber, me fez por uma única vez, narrar um romance inexistente no que chamam de vida-real, e existente em todas as palavras que escrevo.  




"Ainda escrevo para não ficar louco, ainda escrevo para explicar esta maldita vida para mim mesmo."

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Um milhão em um
E um em um milhão.
Não faz diferença.
Mas a essência te faz ser único.
Cada sorriso.
Cada dor.
Cada palavra.
Tudo te torna único.
Não importa o tempo que tenha,
O que importa é o que fará dele.
Enfrente com garra.
Com força.
Torna-te cáustico.
Torna-te louco.
E seja.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Esse é o reino onde toda história tem um problema e todo problema tem uma história

Há uma história dentro de um problema.
Há um problema dentro de uma história.
E eu tento decifrar,  
Mas o quebra-cabeça tem peças demais
Até mesmo para uma vida longa. 
E eu nunca conseguirei decifrá-lo por completo, 
Pois a cada dia
Há uma nova história
E um novo problema. 
Tudo se torna um circulo.
Tudo se torna um vício.  
Haverão feridas,
Haverão machucados
Até eu sentir que ainda existe vida.
Eu vou pensar em soluções
E não vou alcançar nenhuma. 
Há uma história dentro de um problema.
Há um problema dentro de uma história. 
Há desordem no centro.
Fuga.
Medo. 
Desonra.
O tempo tem manchado cada linha,
A tinta escorre
E eu me sento num banco de mentiras,
Onde me acomodo, 
Onde me procuro, 
Onde me encontro. 
Esse é o reino da imundice,
Da falta de caráter,
Da dor, 
Da violência,
Do pecado. 
Esse é o reino da imundice.
E castram.
E amarram as mãos.
E vendam os olhos.
E vendam a boca.
Há solução?
Esse é o reino onde toda história
Tem um problema.
Esse é o reino onde todo problema
Tem uma história.
E toda a sujeira tem honra,
Tem medalha,
Tem troféu,
E não há solução
Se não recomeçar, 
Zerar,
Reiniciar,
Apagar toda a memória,
E refazer.
Sente-se no banco da mentira.
Invente uma história. 
Crie um problema.
Castre,
Amarre
E vende.
O circulo continua, o vício continua. 
Há uma história dentro de um problema.
Há um problema dentro de uma história.
Há humanidade, mas não há humanidade.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Big shit that life is

I sat in the chair of torn fabric,
I lit the cigarette,
I downed the whiskey,
and thought about the
big shit that life is.

Citação


Você não é o seu trabalho.
Você não é o quanto tem no banco.
Nem as roupas que veste.
Escolha não ter uma TV grande
nem baixo colesterol
nem um abridor elétrico de latas
nem plano de saúde e dentário
e muito menos uma casa de dois andares numa rua arborizada e filhos que só tiram A+.
As coisas que você possui acabam te possuindo.
Você só é realmente livre após perder tudo.
Pois aí não terá o que perder, e, enfim, encontrar-se-á livre.  

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Bukowski - Frase

Tenho mais fé no meu encanador do que tenho em um ser eterno. Encanadores fazem um bom trabalho. Eles mantem a merda fluindo.

O poder



é melhor não ter olfato,
meu velho.
inspira e expira a angústia,
inspira e expira o desespero,
inspira e expira a tristeza,
inspira e expira o ódio,
inspira e expira a culpa,
inspira e expira a ansiedade,
inspira e expira o abatimento,
inspira e expira o abalo,
inspira e expira a adaptação,
inspira e expira a apatia,
inspira e expira a antipatia,
inspira e expira a arrogância,
inspira e expira covardia,
inspira e expira desgaste,
inspira e expira desgosto,
inspira e expira desinteresse,
inspira e expira desprezo,
inspira e expira.
basta.
faz isso cara...
faz isso e você
vai entender
o centro
de tudo.
o
poder.