quinta-feira, 26 de maio de 2011
Citação Charles Bukowski
"Tinha épocas que o melhor era ficar longe da máquina. Um bom escritor sabe quanto deve parar de escrever. Qualquer um é capaz de datilografar . E eu nem era um bom datilógrafo; era mau também em ortografia e gramática. Mas sabia quando deixar de escrever. Era que nem trepar. Você tinha de dar um tempo pra divindade de vez em quando."
Citação Charles Bukowski
"Por que há tão poucas pessoas interessantes? Em milhões, por que não há algumas? Devemos continuar a viver com esta espécie insípida e tediosa? O problema é que tenho de continuar a me relacionar com eles. Isto é, se eu quiser que as luzes continuem acesas, se eu quiser consertar este computador, se eu quiser dar descarga na privada, comprar um pneu novo, arrancar um dente ou abrir a minha barriga, tenho que continuar a me relacionar. Preciso dos desgraçados para as menores necessidades, mesmo que eles me causem horror. E horror é uma gentileza."
(Bukowski)
quarta-feira, 25 de maio de 2011
On the road (Jack Kerouac)
E eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda a minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo. Agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício, explodindo, como constelações em cujo centro fervilhante — pop — pode-se ver um brilho azul e intenso.
não importa o cão que você tem
três e quarenta e cinco
um poeta amargo
pueril, doente e desgastado pela noites
de insônia, pelos dias
em que
nada passa de descontentamento
de pessimismo
de incompreensão
alienação
não importa o cão que você tem
no bolso
não importa o teto que te cobre
não importa se
te servirão filé
ou osso.
a violência, a dor
e desrespeito estão aí
vagando as ruas e todos
os cantos, sem pedir
permissão...
e as drogas, e as bebidas
e os cigarros
já não são suficientes para
cobrir, para tapar
para enterrar
cada insanidade e o que
resta
é tornar-se louco igual
esquecer o senso
deixar o ódio realçar
as cores do dia mesmo que
elas sejam
vermelho
preto
cinza
e você se lembrará de dias que não
existiram e que ficaram
perdidos em algum
lugar
ao passar dos anos.
o colégio se foi
a faculdade se foi
e você entrega jornais
e bebe
e mija
e dorme
o primeiro amor se foi
o segundo se foi
e você se senta na sala
com paredes de madeira
com chão sujo
com sofá rasgado
e você lê o jornal
e você não se importa mais
porque a vida
...
você não se importa mais
está velho
o tempo está passando
correndo
e o
frio na alma
continua
e você não se importa mais
e nada mais importa
deliberadamente sentou-se
encostou-se
e nada
fez.
e nada
vale.
A índole da multidão (Charles Bukowski)
Há suficiente traição, ódio, violência,
absurdo no ser humano comum para abastecer qualquer exército
a qualquer momento.
e os melhores assassinos são aqueles que pregam contra o assassinato.
e os melhores assassinos são aqueles que pregam contra o assassinato.
E os melhores no ódio são aqueles que pregam o amor.
E os melhores na guerra - enfim- são aqueles que pregam a paz.
Aqueles que pregam Deus
E os melhores na guerra - enfim- são aqueles que pregam a paz.
Aqueles que pregam Deus
precisam de Deus.
Aqueles que pregam a paz
Aqueles que pregam a paz
não têm paz.
Aqueles que pregam o amor
Aqueles que pregam o amor
não têm amor.
Cuidado com os pregadores,
cuidado com os conhecedores.
Cuidado com aqueles que estão sempre a ler livros,
Cuidado com aqueles que estão sempre a ler livros,
cuidado com aqueles que ou detestam a pobreza ou se orgulham dela.
Cuidado com aqueles rápidos em elogiar,
pois precisam de louvores em retorno.
Cuidado com aqueles rápidos em censurar:
Cuidado com aqueles rápidos em censurar:
esses temem o que desconhecem.
Cuidado com aqueles que procuram constantemente multidões;
Cuidado com aqueles que procuram constantemente multidões;
eles não são nada sozinhos.
Cuidado.
O homem vulgar,
a mulher vulgar...
Cuidado com o amor deles.
Cuidado com o amor deles.
O seu amor é vulgar, busca vulgaridade,
mas há força no seu ódio.
Há força suficiente
Há força suficiente
no seu ódio para matar,
para matar qualquer um.
Não esperando a solidão,
Não esperando a solidão,
não entendendo a solidão,
eles tentarão destruir
qualquer coisa
que defira
deles mesmos.
Não sendo capazes
de criar arte,
eles não
entenderão a arte.
Considerarão o seu fracasso
apenas como uma falha
do Mundo.
Não sendo capazes de amar plenamente,
eles acreditarão que o seu amor é incompleto...
Então odiar-te-ão
Então odiar-te-ão
e o seu ódio será perfeito
como um diamante brilhante,
como uma faca,
como uma montanha,
como um tigre,
como cicuta.
25 pés-raspados (Charles Bukowski)
"[...] Cantarolava baixinho. Dali a pouco, ja sentado na minha poltrona, escutei o estalido do salto alto descendo pela calçada. Havia uma bola de tênis na sala. Peguei e atirei com força no chão para que fosse bater na parede e zunisse alto no ar. O cachorro que tinha um metro e meio de comprimento e quase um de altura, mestiço de lobo, deu um salto e abocanhou a bola com os dentes, já quase no teto. Pareceu, de repente, imobilizado no espaço. Que cachorro bonito, que vida maravilhosa. Quando caiu, de novo, no chão, me levantei e fui ver o bolo de carne, estava indo muito bem. Como tudo, aliás."
segunda-feira, 23 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Blue Bird (Chasles Bukowski)
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois,
coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?
BUKOWSKI, Charles.
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois,
coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?
terça-feira, 17 de maio de 2011
Substituição
Uma terça-feira, por volta das vinte e uma horas, eu estava sentado no sofá ouvindo meu rádio velho – quase queimando, enquanto Lívia se banhava.
Levantei e fui até a porta do banheiro; abri. Vi Lívia pelo vidro.
– Querida, vou até o mercado comprar algumas cervejas e calibrar a geladeira, meu uísque acabou.
E saí, fechei a porta. Saí do quarto e fui andando pelo corredor do hotel. Desci as escadas.
– Boa noite senhora Sanchez.
– Boa noite, Hank.
Senhora Sanchez era a dona do hotel. Uma velha com seus oitenta anos, ex-puta – (isso existe?), baixa, gorda, cabelos imundos e batom vermelho sangue. Saí do hotel e continuei andando, assim por dois quarteirões e cheguei ao mercado. Entrei e peguei as cervejas, e um litro de uísque, dos baratos. Fui até o caixa, paguei e saí. Voltei pro hotel, a velha não estava mais na recepção sorrindo com aqueles dentes podres para mim. Subi. Abri a porta do quarto e entrei. Dei com a cena de Lívia colocando todos teus pertences numa mala velha, se pode chamar aquela sacola rasgada de mala.
– Que é isso?
– Estou indo, Alexander.
– Indo aonde, queridinha?
– Indo embora, teu velho gordo sem escrúpulos.
– Por que está falando assim, queridinha?
– Você só pensa em beber cerveja, uísque e fumar esse maldito pau de obra. Que futuro terei eu vivendo com uma barriga dessa, com esse teu cheiro de álcool, com esse hálito de cerveja e cigarro o tempo todo? Que futuro tenho eu, Alexander?
Larguei as sacolas com as cervejas e uísque no sofá e encostei numa das paredes, cruzei os braços enquanto olhava ela colocar as coisas na sacola.
– Que futuro você tem sem mim?
– Ah, eu tenho. Trinta anos com um velho xoxo como você. Eu mereço mais.
– Então vá. Vá logo e me dê paz, finalmente.
E ela guardou tudo e pôs-se a fora do quarto. Fui até a janela e vi, minuto depois, ela andando pela calçada, sem rumo foi embora.
Voltei para o sofá e tirei da sacola as cervejas. Abri e servi-me d'uma. Fiquei escutando o rádio até umas três horas, bebendo toda a cerveja e uísque até que cochilei, adormeci ali mesmo no sofá. Passou a noite – amanheceu, e ouvi baterem à porta. Levantei com a roupa de ontem, com a cara amassada e um gosto de estrume na boca. Abri a porta e era a velha da recepção.
– Bom dia, Hank.
E dirigiu seu olhar caído como de cão para dentro do quarto, como quem queria bisbilhotar.
– Bom dia dona Sanchez. Que foi que houve pra tua visita?
– Reparei que a moça saiu ontem pela noite e gostaria de saber se continuará aqui.
– Sim, continuarei dona Sanchez. Agora, com licença.
E fechei a porta na cara da velha, deitei-me no sofá novamente e tomei um resto de cerveja quente que sobrara numa garrafa.
Estava com Lívia quase dois meses completo. Nunca passa de uma semana, mas eram quase dois meses e me sentia sozinho desde que ela saiu pela porta. Ela não era lá aquelas coisas, mas me divertia. Divertíamo-nos juntos. Bebíamos, dávamos risadas, conversávamos e fodíamos no fim da noite, todos os dias. Quando não fodíamos, ela dava um jeito de me fazer explodir, mas como a vida não é mar de rosas, Lívia já havia quebrado um vaso em minha cabeça e alguns copos que paguei caro, mas era uma mulher e tanto. Para não ficar nessa nostalgia barata de velho eu resolvi sair.
Quarta-feira.
Era um bar que sempre frequentei. Não muito higiênico. As paredes eram madeira velha, mal pintada, mesas caindo aos pedaços, cadeiras desconfortáveis com pernas mais finas que punho de criança – daquelas que os cupins se satisfazem demasiados, mas as toalhas que cobriam as mesas... Ah, aquelas toalhas me agradavam: azuis, escuras, com detalhes brancos e alguns tons manchados; o cinzeiro sobre a mesma, e sempre sujo. Eu estava ali. Antes de Lívia, passava grande parte do meu tempo sentado ali, com um bloco onde eu escrevia notas do dia, pouca merda. Talvez o motivo maior fosse o bom rebolado da garçonete Eva. Não havia como não seguir os passos daquela mulher. Aquele uniforme marcante fazia todos os caras podres imaginarem ela – claramente – cavalgando com os longos fios vermelhos bagunçados, eu imaginara.
Estava na mesa de número vinte, no fundo do bar, a última mesa. Ela passara por mim e foder com Eva seria o melhor remédio para um pé na bunda.
– Eva, me traz mais uma cerveja. Disse enquanto mirava meus olhos para o decote da garçonete.
Andou até o balcão e logo se abaixou para pegar a cerveja. Maldita. A vontade era arrastá-la para o banheiro e fodê-la ali mesmo. Veio até minha mesa e do bolso tirou um abridor, abaixou-se novamente, mas com teu decote mirando minha cara; abriu e serviu-me a cerveja na caneca.
– Tenho vontade de foder você. Disse a ela enquanto via teus seios deliberadamente em minha frente.
– E por que não fode? Respondeu enquanto puxava seu uniforme para cima, fazendo-se de comportada, quando sua cara entregava a vontade de foder comigo.
Ouvi o grunhido de porta velha quando se abre. Olhei e vi – talvez uma das mulheres mais lindas que já havia visto: não passara dos vinte e seis, tinha os fios abaixo da cintura, dourados e livres, o corpo era formato de violão, usava um vestido preto longo que não marcava suas partes – não formal, a pele era como de recém-nascido, e com essa distância pude reparar teus olhos claros como água. Escrevi em uma das notas do bloco, mandando a ela um bilhete por Eva, e ela foi entregá-lo. Arrisquei nesse bilhete ficar sem foder uma nem outra. Antes que chegasse ao meio do caminho, levantei a bunda da cadeira e em passos rápidos fui até Eva e tomei de sua mão o papel. Caminhei até a rapariga e ali mesmo no balcão, sentei-me no banco ao lado dela.
– Eva, mais duas.
E Eva serviu-me mais duas cervejas. Peguei uma e traguei um gole que foi metade do líquido. Dei a outra a ela, ou melhor, coloquei à sua frente.
– Você é velho. Disse ela enquanto pegava a cerveja que paguei.
– Sou. Tenho cinquenta e dois.
– E o que pensou ao vir pagar bebida para uma rapariga como eu, de vinte e dois?
– Achei que seria vinte e seis.
– Vinte e dois. E tragou metade da cerveja também.
Levantei-me para voltar à minha mesa, e fui. Me sentei e voltei a anotar no meu bloco. Pouco mais de dez minutos vi a rapariga vir em minha direção; sentou-se. Não desviei meus olhos dos papeis. Assim por uns segundos.
– Cinquenta e dois, e ainda tem ereção, velho?
Então ergui meu rosto e olhei para o da rapariga.
– Cinquenta e dois e fodo muito bem, rapariga.
– Muito bem? E riu ao me questionar.
Peguei em meu bolso o maço do meu cigarro velho e amassado; tirei um e acendi, já inalando a fumaça num trago bem puxado ainda olhando para o mesmo rosto.
– Você cobra? Perguntei enquanto a fumaça vazava entre os meus lábios e também pelas narinas.
– Cobro.
– Dispenso.
– Dispensa? E riu mais uma vez. – Um velho como você me dispensa?
– Dispenso. E traguei de novo o cigarro.
A rapariga olhou para os lados e não via ninguém além de mim e ela no ambiente – também a garçonete e o dono.
– Qual teu nome? Perguntei após me servir da outra metade que restava da cerveja.
– Rose.
– Bom nome, Rose.
– E o seu, velho? E novamente riu ao dirigir a palavra a mim.
– Alexander, mas prefiro Hank.
– Certo velhote Hank.
– Você vai me deixar foder ou não você, rapariga? Digo Rose.
– Quer me levar para beber algo em um lugar pouco mais íntimo do que esta espelunca?
– Meu apartamento é uma espelunca mais íntima. E já fui me levantando da cadeira recolhendo as notas e apertando a bituca do cigarro no cinzeiro, até que se apagou. Ela levantou-se em seguida.
– Vamos. Disse e sorriu discretamente para mim. Mas não me culpe por cair de amores depois.
Saímos do bar e a pé, fomos. No caminho, parei em um mercado – desses que ficam abertos pela madrugada –, comprei dois litros de vinho e mais um maço de cigarros e ela me esperou do lado de fora.
– Vamos. Eu disse ao sair pela porta do mercado.
Continuamos andando por alguns minutos, até pararmos em frente ao hotel no qual eu estava morando – o mesmo quarto que eu dividira com Lívia. Abri a porta, e logo vi umas baratas correrem para teus ninhos. Subimos as escadas até o terceiro andar e lá, em frente à porta enfiei a chave na fechadura e abri. Entramos.
– Olha, você é mesmo tão velho quanto imaginei. Disse com um tom sarcástico olhando para cada canto do cômodo.
Fui até o armário e peguei dois copos, servi vinho até enchê-los e logo dei um destes a ela, e fiquei com o outro; dei um trago de meio copo.
– Então, você é puta?
– Sou não, faço por diversão.
– Fode com velhos por diversão?
– Nunca fodi com um.
– E por que veio aqui?
– Porque quero que você me foda. Gosto de experiências novas. Mas como eu já disse, vou repetir. Não me culpe depois por cair de amores.
Então colocou o copo sobre a mesa e tirou o vestido, deixando-o cair até seus pés e deu uns passos à frente, soltando-o por completo. Coloquei meu copo também sobre a mesa e despi-me em segundos, ficando apenas de cueca e logo vi Rose vindo em minha direção e abaixando-se. Olhei para o rosto dela e ela tirou para fora e logo meteu tua língua na glande, enfiando-o todo na boca em seguida.
– Porra, você é uma diaba.
E ela olhava para o meu rosto enquanto a tua boca deslizava e chupava. Afastou por segundos.
– Você gosta que sugue tua glande, velhote?
E eu olhava para o rosto da diaba, sentindo a pulsação. Ela voltou a boca, e senti a glande penetrar a garganta; logo foi tirando a boca, mas sugando-o com força. Eu já amava Rose ali. Parou e levantou-se. Foi até a cama e deitou. Já estava sem calcinha. Deitou e abriu as pernas e então vi sua rata aberta pra mim. Fui também até a cama e me deitei sobre Rose, e comecei a fodê-la lentamente. Logo que entrou, ouvi um som passar pelos lábios da rapariga, e então ela moveu-se até que penetrasse completamente. Aquela parecia a melhor foda da minha vida – naquele momento, mas eu não me importava, estava amando Rose. Era apertada. Um, dois, três, quatro, cinco... Antes de completar vinte, já senti explodir, o ápice foi alcançado naquela lentidão maldita; a rata apertada me fez explodir com menos de vinte fodidas. Porra, como aconteceu isso? – Pensei comigo enquanto a menina ria e deixava escorrer por suas pernas. Levantou-se e limpou com o lençol. Eu continuei deitado. Ela serviu-se de mais vinho, e voltou à cama. Sentou sobre mim e começou a rebolar a rata molhada.
– Você é uma diaba de vinte e dois anos.
– E você um velho safado. Disse rebolando a rata sobre mim.
– Me parece que você gosta de velho safado.
A rapariga ignorou e continuo rebolando a rata em mim. Levou as mãos até os peitos e apertou. E rebolou por minutos. Fiquei olhando fixamente. Fez um som alto enquanto dizia que chegara ao ápice e iria explodir também. Levei uma das minhas mãos à rata e enfiei-lhe o dedo, fazia movimentos para frente e trás e ela rebolava com a respiração demasiadamente ofegante e sons altos; grunhidos vazavam pela boca.
– Isso velhote, você me levou ao ápice.
Fechou os olhos enquanto falava e eu tirei meu dedo molhado da rata dela, ela rebolou com mais rapidez por segundos; explodira. A rapariga parou o rebolado e jogou-se ao meu lado na cama, então me levantei em seguida e me servi de mais um copo do vinho, esvaziando uma das garrafas. Ela cochilou. Traguei todo o líquido do copo, vesti-me, peguei o maço de cigarros e sentei-me numa das cadeiras da mesma. Coloquei o bloco de notas sobre ela, e comecei a escrever. Rapariga, os olhos parecem ondas e a voz música tocada pelo violão que é o corpo. Uma diaba alucinante. Encontramo-nos por aí.
Deixei a nota sobre a mesa e saí do quarto. Na recepção, o dinheiro que devia e então, porta à fora. Havia fodido uma rapariga de vinte e dois e precisava de um quarto – onde um velho poderia ter paz. Caminhei até o hotel mais próximo e com uns trocados furados no bolso, paguei a noite. Acomodei-me. Acordei no dia seguinte com o maldito telefone tocando.
– Senhor Hank?
– Eu mesmo.
– Deixaram uma nota para o senhor na recepção.
Desci até a recepção e peguei a nota. A mesma que eu havia rabiscado, com um escrito no verso: 3335556 Megg. Encontramo-nos, velhote.
Não segurei o riso. Era uma rapariga de vinte e dois anos me mandando o número do telefone. Já estava apaixonado pela jovem.
– Porra, rapariga.
Tirei do bolso o maço e do maço um cigarro. Coloquei entre os lábios e o acendi com um isqueiro da recepção. Traguei por longos segundos e saí pela porta do hotel. Soltei a fumaça e ri baixo, comigo mesmo enquanto me servia de mais um trago. Fui até o telefone mais próximo e lhe soquei uma ficha, disquei.
– Alô.
– A Megg está?
– Quem fala?
– Alexander Hank.
– Um minuto. E ouvi a moça gritar pelo nome de Megg.
– Olha só quem me ligou.
E riu debochando.
– Você me deixou o número. Não seria cavalheiro se não ligasse.
– Você não é. Mas está me amando.
– Onde posso te encontrar?
– No mesmo bar. Gostei do ambiente porco. Às vinte e uma.
– Às vinte e uma.
Desliguei o telefone.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Parte 1
Insanidade. Cinquenta e dois anos, manco de umas das pernas – sendo essa a esquerda, cabelos grisalhos, curtos, um pulmão feito bucha vegetal, rígido – fato que dificulta a entrada de ar que foi causado pelos dois maços de cigarro ao dia - quando não são três – há vinte e dois anos, fígado ferido pela bebida, uma marca de nascença na nuca, não muito alto nem muito baixo, olhos escuros, com um corpo que não se encaixa no padrão, esse é Alexander Hank, esse sou eu, e essa é minha vida fodida. Eu não tenho um emprego, não tenho um objetivo, não tenho um Deus e muito menos dois. Se você se perguntou sobre o que tenho: não tenho. Não constitui família – mas talvez tenha alguns filhos por aí, sou divorciado de três mulheres ou se preferir, elas são divorciadas de mim, tenho um gato, uma casa de três cômodos, um banheiro sujo, armários escassos, um quintal com folhas que cobrem o chão, e um carro não luxuoso com garrafas vazias no banco de trás, e uma ou duas completas no porta-malas, talvez três... Ou quatro. Não deixe esquecer-me de dizer que aprecio a bebida, e meu companheiro, desde os trinta é o Passport, um litro que não pago mais de quarenta paus e satisfaço meu desejo. Também gosto das mulheres. Aprecio o jeito como se vestem, e como riem, e como falam, também como agem, e às vezes me enojo com a compreensão delas, mas mais ainda com a incompreensão, ainda assim gosto delas com suas curvas bem feitas, seus perfumes baratos e batons vermelhos. Não tenho uma televisão, mas tenho um rádio que falha algumas vezes, mas é um bom rádio – antigo, no qual escuto os clássicos da madrugada, era de meu pai, que ganhou do meu avô e passou para mim pouco antes de morrer com sua cirrose corroendo cada canto do seu fígado morto. Acho que não citei que costumo passar as madrugadas acordado acariciando a pelagem macia de meu gato enquanto tomo alguns goles de uísque e rabisco uns papeis à toa, citei? Senão, aí está. Rabisco esses papéis durante a noite e a madrugada, e costumo me deitar por volta das oito da manhã, quando o sono costuma vir. Tenho uma cama grande, dessas de madeira antiga, que se desmontada, não monta mais. O colchão é fino, nenhum pouco confortável para as mulheres que trago aqui, mas para mim está bom, talvez até ótimo, pois tenho um colchão. Deito as oito, e acordo por volta das treze ou quatorze horas. A rotina não muda muito. Levanto, vejo copos pela casa, garrafas, pratos, meias, cuecas e ignoro. A primeira coisa que faço todos os dias, após abrir os olhos e me levantar da cama, é ir ao lavatório, onde molho meu rosto e penso no que virá neste dia. Em seguida costumo me olhar no espelho e ver como as rugas tomaram conta do meu rosto marcado pelo cansaço, pelo desprezo, pela falta de ideal e mais uma vez ignoro. Agora que me apresentei a você, acredito que o melhor a ser feito sou eu contar do início, e talvez você entenda melhor a vida fodida de um escritor de gaveta.
“Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?”
Buk.
quase portuguesa
Uma maneira de falar que hipnotiza a qualquer um, acredito que ninguém nunca descobrirá como a garota encanta tão facilmente. Ela sorri, e BANG, lá está mais um louco, insano, perdido em cada movimento que faz a boca bem feita da moça bandida que rouba sentimentos. Não, não adianta passar a noite acordado tentando entender; Aqueles olhos são únicos, falam por si só, a silhueta causa desejo de segundo em segundo… E como ela movimenta as mãos? O movimento das mãos é fascinante. A delicadeza como movimenta aquelas mãos acenando para mim. Há dias que coloco a cabeça no travesseiro, fecho os olhos e penso: tua imaginação velho, tua imaginação. Mas amanhece, e vejo a moça ir comprar teus pães e do outro lado da rua ela acena para mim, e eu para ela e está aí, mais um dia ganho só por conta de uma acenada. O que está havendo contigo, velho? Anda sonhando demais. Falo comigo mesmo. Não sei, não sei. É apenas mais um dia ganho… Por uma acenada.
méxico. uma e quarenta e seis
morrerei
tentando compreender o que há
que tanto cubro com goles de uísque,
inalando a fumaça,
escondendo,
fugindo.
um dia morrerei
e um dia entenderei o que é
que tenta explodir
o tempo todo
demasiando cada sensação,
cada loucura,
cada desejo.
eu vou me lembrar das gotas da chuva,
da rua vazia,
das palavras não ditas.
eu morrerei tentando entender
porque a dor vem tão depressa
e derrota
e derruba
e destrói
todos os sonhos.
um dia morrerei e entenderei;
e enquanto
esse dia não chega,
sacio o desejo,
a fúria,
o ódio,
a decepção,
inerte
com palavras frescas,
com vocabulário ruim,
o maldito
sentimento
de frio
na alma.
eu não entendo,
mas alimento cada sede
com a água que tenho à oferecer
e me rendo,
e deixo que as palavras escapem,
e vomito,
engasgo,
tropeço,
caio
e levanto…
até o dia
em que eu
conseguir
entender.
tentando compreender o que há
que tanto cubro com goles de uísque,
inalando a fumaça,
escondendo,
fugindo.
um dia morrerei
e um dia entenderei o que é
que tenta explodir
o tempo todo
demasiando cada sensação,
cada loucura,
cada desejo.
eu vou me lembrar das gotas da chuva,
da rua vazia,
das palavras não ditas.
eu morrerei tentando entender
porque a dor vem tão depressa
e derrota
e derruba
e destrói
todos os sonhos.
um dia morrerei e entenderei;
e enquanto
esse dia não chega,
sacio o desejo,
a fúria,
o ódio,
a decepção,
inerte
com palavras frescas,
com vocabulário ruim,
o maldito
sentimento
de frio
na alma.
eu não entendo,
mas alimento cada sede
com a água que tenho à oferecer
e me rendo,
e deixo que as palavras escapem,
e vomito,
engasgo,
tropeço,
caio
e levanto…
até o dia
em que eu
conseguir
entender.
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