morrerei
tentando compreender o que há
que tanto cubro com goles de uísque,
inalando a fumaça,
escondendo,
fugindo.
um dia morrerei
e um dia entenderei o que é
que tenta explodir
o tempo todo
demasiando cada sensação,
cada loucura,
cada desejo.
eu vou me lembrar das gotas da chuva,
da rua vazia,
das palavras não ditas.
eu morrerei tentando entender
porque a dor vem tão depressa
e derrota
e derruba
e destrói
todos os sonhos.
um dia morrerei e entenderei;
e enquanto
esse dia não chega,
sacio o desejo,
a fúria,
o ódio,
a decepção,
inerte
com palavras frescas,
com vocabulário ruim,
o maldito
sentimento
de frio
na alma.
eu não entendo,
mas alimento cada sede
com a água que tenho à oferecer
e me rendo,
e deixo que as palavras escapem,
e vomito,
engasgo,
tropeço,
caio
e levanto…
até o dia
em que eu
conseguir
entender.