quarta-feira, 25 de maio de 2011

não importa o cão que você tem

três e quarenta e cinco 
um poeta amargo 
pueril, doente e desgastado pela noites
de insônia, pelos dias 
em que
nada passa de descontentamento
de pessimismo 
de incompreensão 
alienação 
não importa o cão que você tem 
no bolso 
não importa o teto que te cobre
não importa se
te servirão filé 
ou osso.
a violência, a dor
e desrespeito estão aí 
vagando as ruas e todos 
os cantos, sem pedir
permissão... 
e as drogas, e as bebidas
e os cigarros 
já não são suficientes para 
cobrir, para tapar
para enterrar 
cada insanidade e o que
resta
é tornar-se louco igual 
esquecer o senso 
deixar o ódio realçar 
as cores do dia mesmo que 
elas sejam 
vermelho 
preto 
cinza 
e você se lembrará de dias que não 
existiram e que ficaram 
perdidos em algum 
lugar 
ao passar dos anos. 
o colégio se foi 
a faculdade se foi 
e você entrega jornais 
e bebe 
e mija 
e dorme 
o primeiro amor se foi 
o segundo se foi 
e você se senta na sala 
com paredes de madeira 
com chão sujo 
com sofá rasgado 
e você lê o jornal
e você não se importa mais 
porque a vida 
...
você não se importa mais 
está velho 
o tempo está passando 
correndo 
e o
frio na alma 
continua 
e você não se importa mais 
e nada mais importa 
deliberadamente sentou-se 
encostou-se 
e nada
fez.
e nada
vale.

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