Uma terça-feira, por volta das vinte e uma horas, eu estava sentado no sofá ouvindo meu rádio velho – quase queimando, enquanto Lívia se banhava.
Levantei e fui até a porta do banheiro; abri. Vi Lívia pelo vidro.
– Querida, vou até o mercado comprar algumas cervejas e calibrar a geladeira, meu uísque acabou.
E saí, fechei a porta. Saí do quarto e fui andando pelo corredor do hotel. Desci as escadas.
– Boa noite senhora Sanchez.
– Boa noite, Hank.
Senhora Sanchez era a dona do hotel. Uma velha com seus oitenta anos, ex-puta – (isso existe?), baixa, gorda, cabelos imundos e batom vermelho sangue. Saí do hotel e continuei andando, assim por dois quarteirões e cheguei ao mercado. Entrei e peguei as cervejas, e um litro de uísque, dos baratos. Fui até o caixa, paguei e saí. Voltei pro hotel, a velha não estava mais na recepção sorrindo com aqueles dentes podres para mim. Subi. Abri a porta do quarto e entrei. Dei com a cena de Lívia colocando todos teus pertences numa mala velha, se pode chamar aquela sacola rasgada de mala.
– Que é isso?
– Estou indo, Alexander.
– Indo aonde, queridinha?
– Indo embora, teu velho gordo sem escrúpulos.
– Por que está falando assim, queridinha?
– Você só pensa em beber cerveja, uísque e fumar esse maldito pau de obra. Que futuro terei eu vivendo com uma barriga dessa, com esse teu cheiro de álcool, com esse hálito de cerveja e cigarro o tempo todo? Que futuro tenho eu, Alexander?
Larguei as sacolas com as cervejas e uísque no sofá e encostei numa das paredes, cruzei os braços enquanto olhava ela colocar as coisas na sacola.
– Que futuro você tem sem mim?
– Ah, eu tenho. Trinta anos com um velho xoxo como você. Eu mereço mais.
– Então vá. Vá logo e me dê paz, finalmente.
E ela guardou tudo e pôs-se a fora do quarto. Fui até a janela e vi, minuto depois, ela andando pela calçada, sem rumo foi embora.
Voltei para o sofá e tirei da sacola as cervejas. Abri e servi-me d'uma. Fiquei escutando o rádio até umas três horas, bebendo toda a cerveja e uísque até que cochilei, adormeci ali mesmo no sofá. Passou a noite – amanheceu, e ouvi baterem à porta. Levantei com a roupa de ontem, com a cara amassada e um gosto de estrume na boca. Abri a porta e era a velha da recepção.
– Bom dia, Hank.
E dirigiu seu olhar caído como de cão para dentro do quarto, como quem queria bisbilhotar.
– Bom dia dona Sanchez. Que foi que houve pra tua visita?
– Reparei que a moça saiu ontem pela noite e gostaria de saber se continuará aqui.
– Sim, continuarei dona Sanchez. Agora, com licença.
E fechei a porta na cara da velha, deitei-me no sofá novamente e tomei um resto de cerveja quente que sobrara numa garrafa.
Estava com Lívia quase dois meses completo. Nunca passa de uma semana, mas eram quase dois meses e me sentia sozinho desde que ela saiu pela porta. Ela não era lá aquelas coisas, mas me divertia. Divertíamo-nos juntos. Bebíamos, dávamos risadas, conversávamos e fodíamos no fim da noite, todos os dias. Quando não fodíamos, ela dava um jeito de me fazer explodir, mas como a vida não é mar de rosas, Lívia já havia quebrado um vaso em minha cabeça e alguns copos que paguei caro, mas era uma mulher e tanto. Para não ficar nessa nostalgia barata de velho eu resolvi sair.
Quarta-feira.
Era um bar que sempre frequentei. Não muito higiênico. As paredes eram madeira velha, mal pintada, mesas caindo aos pedaços, cadeiras desconfortáveis com pernas mais finas que punho de criança – daquelas que os cupins se satisfazem demasiados, mas as toalhas que cobriam as mesas... Ah, aquelas toalhas me agradavam: azuis, escuras, com detalhes brancos e alguns tons manchados; o cinzeiro sobre a mesma, e sempre sujo. Eu estava ali. Antes de Lívia, passava grande parte do meu tempo sentado ali, com um bloco onde eu escrevia notas do dia, pouca merda. Talvez o motivo maior fosse o bom rebolado da garçonete Eva. Não havia como não seguir os passos daquela mulher. Aquele uniforme marcante fazia todos os caras podres imaginarem ela – claramente – cavalgando com os longos fios vermelhos bagunçados, eu imaginara.
Estava na mesa de número vinte, no fundo do bar, a última mesa. Ela passara por mim e foder com Eva seria o melhor remédio para um pé na bunda.
– Eva, me traz mais uma cerveja. Disse enquanto mirava meus olhos para o decote da garçonete.
Andou até o balcão e logo se abaixou para pegar a cerveja. Maldita. A vontade era arrastá-la para o banheiro e fodê-la ali mesmo. Veio até minha mesa e do bolso tirou um abridor, abaixou-se novamente, mas com teu decote mirando minha cara; abriu e serviu-me a cerveja na caneca.
– Tenho vontade de foder você. Disse a ela enquanto via teus seios deliberadamente em minha frente.
– E por que não fode? Respondeu enquanto puxava seu uniforme para cima, fazendo-se de comportada, quando sua cara entregava a vontade de foder comigo.
Ouvi o grunhido de porta velha quando se abre. Olhei e vi – talvez uma das mulheres mais lindas que já havia visto: não passara dos vinte e seis, tinha os fios abaixo da cintura, dourados e livres, o corpo era formato de violão, usava um vestido preto longo que não marcava suas partes – não formal, a pele era como de recém-nascido, e com essa distância pude reparar teus olhos claros como água. Escrevi em uma das notas do bloco, mandando a ela um bilhete por Eva, e ela foi entregá-lo. Arrisquei nesse bilhete ficar sem foder uma nem outra. Antes que chegasse ao meio do caminho, levantei a bunda da cadeira e em passos rápidos fui até Eva e tomei de sua mão o papel. Caminhei até a rapariga e ali mesmo no balcão, sentei-me no banco ao lado dela.
– Eva, mais duas.
E Eva serviu-me mais duas cervejas. Peguei uma e traguei um gole que foi metade do líquido. Dei a outra a ela, ou melhor, coloquei à sua frente.
– Você é velho. Disse ela enquanto pegava a cerveja que paguei.
– Sou. Tenho cinquenta e dois.
– E o que pensou ao vir pagar bebida para uma rapariga como eu, de vinte e dois?
– Achei que seria vinte e seis.
– Vinte e dois. E tragou metade da cerveja também.
Levantei-me para voltar à minha mesa, e fui. Me sentei e voltei a anotar no meu bloco. Pouco mais de dez minutos vi a rapariga vir em minha direção; sentou-se. Não desviei meus olhos dos papeis. Assim por uns segundos.
– Cinquenta e dois, e ainda tem ereção, velho?
Então ergui meu rosto e olhei para o da rapariga.
– Cinquenta e dois e fodo muito bem, rapariga.
– Muito bem? E riu ao me questionar.
Peguei em meu bolso o maço do meu cigarro velho e amassado; tirei um e acendi, já inalando a fumaça num trago bem puxado ainda olhando para o mesmo rosto.
– Você cobra? Perguntei enquanto a fumaça vazava entre os meus lábios e também pelas narinas.
– Cobro.
– Dispenso.
– Dispensa? E riu mais uma vez. – Um velho como você me dispensa?
– Dispenso. E traguei de novo o cigarro.
A rapariga olhou para os lados e não via ninguém além de mim e ela no ambiente – também a garçonete e o dono.
– Qual teu nome? Perguntei após me servir da outra metade que restava da cerveja.
– Rose.
– Bom nome, Rose.
– E o seu, velho? E novamente riu ao dirigir a palavra a mim.
– Alexander, mas prefiro Hank.
– Certo velhote Hank.
– Você vai me deixar foder ou não você, rapariga? Digo Rose.
– Quer me levar para beber algo em um lugar pouco mais íntimo do que esta espelunca?
– Meu apartamento é uma espelunca mais íntima. E já fui me levantando da cadeira recolhendo as notas e apertando a bituca do cigarro no cinzeiro, até que se apagou. Ela levantou-se em seguida.
– Vamos. Disse e sorriu discretamente para mim. Mas não me culpe por cair de amores depois.
Saímos do bar e a pé, fomos. No caminho, parei em um mercado – desses que ficam abertos pela madrugada –, comprei dois litros de vinho e mais um maço de cigarros e ela me esperou do lado de fora.
– Vamos. Eu disse ao sair pela porta do mercado.
Continuamos andando por alguns minutos, até pararmos em frente ao hotel no qual eu estava morando – o mesmo quarto que eu dividira com Lívia. Abri a porta, e logo vi umas baratas correrem para teus ninhos. Subimos as escadas até o terceiro andar e lá, em frente à porta enfiei a chave na fechadura e abri. Entramos.
– Olha, você é mesmo tão velho quanto imaginei. Disse com um tom sarcástico olhando para cada canto do cômodo.
Fui até o armário e peguei dois copos, servi vinho até enchê-los e logo dei um destes a ela, e fiquei com o outro; dei um trago de meio copo.
– Então, você é puta?
– Sou não, faço por diversão.
– Fode com velhos por diversão?
– Nunca fodi com um.
– E por que veio aqui?
– Porque quero que você me foda. Gosto de experiências novas. Mas como eu já disse, vou repetir. Não me culpe depois por cair de amores.
Então colocou o copo sobre a mesa e tirou o vestido, deixando-o cair até seus pés e deu uns passos à frente, soltando-o por completo. Coloquei meu copo também sobre a mesa e despi-me em segundos, ficando apenas de cueca e logo vi Rose vindo em minha direção e abaixando-se. Olhei para o rosto dela e ela tirou para fora e logo meteu tua língua na glande, enfiando-o todo na boca em seguida.
– Porra, você é uma diaba.
E ela olhava para o meu rosto enquanto a tua boca deslizava e chupava. Afastou por segundos.
– Você gosta que sugue tua glande, velhote?
E eu olhava para o rosto da diaba, sentindo a pulsação. Ela voltou a boca, e senti a glande penetrar a garganta; logo foi tirando a boca, mas sugando-o com força. Eu já amava Rose ali. Parou e levantou-se. Foi até a cama e deitou. Já estava sem calcinha. Deitou e abriu as pernas e então vi sua rata aberta pra mim. Fui também até a cama e me deitei sobre Rose, e comecei a fodê-la lentamente. Logo que entrou, ouvi um som passar pelos lábios da rapariga, e então ela moveu-se até que penetrasse completamente. Aquela parecia a melhor foda da minha vida – naquele momento, mas eu não me importava, estava amando Rose. Era apertada. Um, dois, três, quatro, cinco... Antes de completar vinte, já senti explodir, o ápice foi alcançado naquela lentidão maldita; a rata apertada me fez explodir com menos de vinte fodidas. Porra, como aconteceu isso? – Pensei comigo enquanto a menina ria e deixava escorrer por suas pernas. Levantou-se e limpou com o lençol. Eu continuei deitado. Ela serviu-se de mais vinho, e voltou à cama. Sentou sobre mim e começou a rebolar a rata molhada.
– Você é uma diaba de vinte e dois anos.
– E você um velho safado. Disse rebolando a rata sobre mim.
– Me parece que você gosta de velho safado.
A rapariga ignorou e continuo rebolando a rata em mim. Levou as mãos até os peitos e apertou. E rebolou por minutos. Fiquei olhando fixamente. Fez um som alto enquanto dizia que chegara ao ápice e iria explodir também. Levei uma das minhas mãos à rata e enfiei-lhe o dedo, fazia movimentos para frente e trás e ela rebolava com a respiração demasiadamente ofegante e sons altos; grunhidos vazavam pela boca.
– Isso velhote, você me levou ao ápice.
Fechou os olhos enquanto falava e eu tirei meu dedo molhado da rata dela, ela rebolou com mais rapidez por segundos; explodira. A rapariga parou o rebolado e jogou-se ao meu lado na cama, então me levantei em seguida e me servi de mais um copo do vinho, esvaziando uma das garrafas. Ela cochilou. Traguei todo o líquido do copo, vesti-me, peguei o maço de cigarros e sentei-me numa das cadeiras da mesma. Coloquei o bloco de notas sobre ela, e comecei a escrever. Rapariga, os olhos parecem ondas e a voz música tocada pelo violão que é o corpo. Uma diaba alucinante. Encontramo-nos por aí.
Deixei a nota sobre a mesa e saí do quarto. Na recepção, o dinheiro que devia e então, porta à fora. Havia fodido uma rapariga de vinte e dois e precisava de um quarto – onde um velho poderia ter paz. Caminhei até o hotel mais próximo e com uns trocados furados no bolso, paguei a noite. Acomodei-me. Acordei no dia seguinte com o maldito telefone tocando.
– Senhor Hank?
– Eu mesmo.
– Deixaram uma nota para o senhor na recepção.
Desci até a recepção e peguei a nota. A mesma que eu havia rabiscado, com um escrito no verso: 3335556 Megg. Encontramo-nos, velhote.
Não segurei o riso. Era uma rapariga de vinte e dois anos me mandando o número do telefone. Já estava apaixonado pela jovem.
– Porra, rapariga.
Tirei do bolso o maço e do maço um cigarro. Coloquei entre os lábios e o acendi com um isqueiro da recepção. Traguei por longos segundos e saí pela porta do hotel. Soltei a fumaça e ri baixo, comigo mesmo enquanto me servia de mais um trago. Fui até o telefone mais próximo e lhe soquei uma ficha, disquei.
– Alô.
– A Megg está?
– Quem fala?
– Alexander Hank.
– Um minuto. E ouvi a moça gritar pelo nome de Megg.
– Olha só quem me ligou.
E riu debochando.
– Você me deixou o número. Não seria cavalheiro se não ligasse.
– Você não é. Mas está me amando.
– Onde posso te encontrar?
– No mesmo bar. Gostei do ambiente porco. Às vinte e uma.
– Às vinte e uma.
Desliguei o telefone.
Olha, quando sair teu livro quero o primeiro exemplar. HUAHEUAHEU
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